Ex-vice-presidente José Alencar morre aos 79 anos

Às 14h41min de ontem a luta do ex-vice-presidente da República José Alencar Gomes da Silva (PRB) contra o câncer foi enfim encerrada, após enfrentar mais de 13 anos em tratamento e 17 cirurgias.
Aos 79 anos, a resistência com que ele lidou com as dificuldades impostas pela doença sensibilizou muitos brasileiros. Ele ocupou a vice-presidência de 2003 a 2010.
Alencar faleceu no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em decorrência de falência de múltiplos órgãos, depois de resistir a um câncer no abdome. Tinha à sua volta a mulher, Mariza, os três filhos e os netos.
O governo federal decretou luto oficial de sete dias. A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula foram informados da morte em Portugal e decidiram antecipar a volta ao Brasil. Ambos chegam hoje para participar do velório.
Muito emocionado, Lula ressaltou a bondade e a lealdade de José Alencar. O ex-presidente Lula vai receber hoje pela manhã o prêmio Honoris Causa da Universidade de Coimbra. "Vou receber o prêmio e dedicar ao meu amigo", disse. Segundo o ex-presidente, ele e Alencar eram mais que companheiros. "Éramos dois irmãos", declarou Lula, chorando muito. "Eu sempre disputei eleição e tinha 35%, 39%. Quando encontrei o José Alencar, ganhei. Era o que faltava para completar", disse o político eleito presidente na quarta tentativa.
O sepultamento deve ser amanhã, em Belo Horizonte. Em Brasília, o corpo será transportado em carro aberto da base aérea ao centro.
A última aparição pública de Alencar foi no aniversário de São Paulo, quando recebeu a Medalha 25 de Janeiro e, emocionado, falou por 9 minutos. "Deus sabe o que faz e aceitaremos sua decisão de bom grado. Se eu morrer agora, tenho até que me sentir um privilegiado, pois está todo mundo rezando e torcendo por mim. Não posso me queixar se eu morrer", declarou.
A última internação foi segunda-feira, quando apresentara obstrução intestinal com perfuração abdominal e peritonite (infecção na membrana da cavidade abdominal). Devido ao estado crítico, os médicos descartaram qualquer procedimento cirúrgico. Nos últimos momentos de vida, Alencar recebeu analgésicos para aliviar a dor.